Cirurgia de endometriose intestinal: Quando a estomia é necessária e como é a recuperação
A endometriose intestinal é uma forma grave da doença em que o tecido semelhante ao endométrio se infiltra nas paredes do intestino, causando dores, alterações no trânsito intestinal e outras complicações. Em alguns casos, a cirurgia é necessária para remover essas lesões, podendo incluir o uso de uma estomia temporária.
Mas o que leva a essa decisão e como é o processo de recuperação? Neste artigo, entenda essas questões e cada etapa.
Continue lendo.
O que é a cirurgia de endometriose intestinal?
A cirurgia de
endometriose intestinal é um procedimento indicado para
retirar lesões intestinais onde o tecido endometrial invadiu o intestino. Esse tecido, semelhante ao que reveste internamente o útero, pode provocar dor intensa, alterações no funcionamento do sistema digestivo e infertilidade.
O tratamento cirúrgico pode envolver desde a remoção de pequenas lesões até a ressecção de partes mais extensas do intestino, dependendo da gravidade e da localização da doença.
O principal objetivo é
eliminar completamente todos os focos visíveis de lesões,
melhorando totalmente os sintomas,
restabelecendo
o funcionamento adequado do intestino e
proporcionando uma melhora significativa na qualidade de vida do paciente.
Quando a estomia é necessária?
A estomia é uma abertura cirúrgica na parede do abdômen em que posicionamos uma alça intestinal para redirecionar o trânsito intestinal, permitindo a eliminação de fezes através dessa abertura, coletada por uma bolsa plástica externa. Esse procedimento pode ser indicado em situações específicas na endometriose intestinal, como:
- Ressecção do reto em distância muito próxima ao ânus: Quanto mais próximo ao ânus, maiores são os riscos de uma má cicatrização da emenda intestinal.
- Prevenção de complicações: Para reduzir o risco de infecções,ruptura intestinal ou fístulas com a vagina durante o processo de recuperação.
Em geral, a estomia
é temporária e pode ser revertida após alguns meses
(habitualmente entre 60 e 90 dias), quando o processo de cicatrização é concluído e a função intestinal pode ser restabelecida.
Como é realizada a cirurgia de endometriose intestinal?
A cirurgia pode ser conduzida por diferentes técnicas, dependendo da gravidade, da extensão e da localização da doença. Os principais passos incluem:
Avaliação e planejamento
Antes da cirurgia, exames de imagem como ressonância magnética ou ultrassonografia transvaginal, ambas com preparo intestinal, e radiologistas especializados, ajudam a
mapear
a extensão das lesões e o envolvimento do intestino, essencial para o planejamento pré-operatório.
Anestesia
O paciente é submetido a
anestesia geral para garantir segurança e conforto durante o procedimento, adotando medidas modernas de melhor controle da dor pós-operatória e redução da sobrecarga de volume, medidas essenciais para permitir uma melhor recuperação após a cirurgia e uma alta hospitalar mais precoce e segura.
Remoção das lesões
O cirurgião identifica e remove todas as áreas afetadas pelo tecido endometrial. Em casos mais complexos, pode ser necessária a ressecção de um ou mais segmentos do intestino no mesmo procedimento.
Criação da estomia (se indicada)
Em situações muito específicas (e raras!), o cirurgião pode realizar uma estomia temporária para
permitir a recuperação segura do intestino.
A cirurgia pode ser realizada por
laparoscopia ou cirurgia robótica, técnicas minimamente invasivas que oferecem benefícios como recuperação mais rápida, menor dor pós-operatória, menor risco de sangramentos e infecções, alta hospitalar mais precoce e menos cicatrizes.
Como é o processo de recuperação após a cirurgia de endometriose intestinal?
O tempo de recuperação pode variar dependendo da complexidade do procedimento e das condições gerais do paciente. Em média, o processo ocorre da seguinte forma:
O paciente pode permanecer internado
entre 1 e 3 dias para monitoramento e controle de possíveis complicações.
Atividades rotineiras podem ser retomadas
praticamente imediatamente
embora muitas pacientes prefiram retomar suas atividades diárias após 7 a 10 dias, mas sempre com
orientação médica. Esforços físicos intensos, como carregar peso ou praticar esportes, devem ser evitados
por até 4 semanas no máximo, porém, a paciente já consegue desempenhar as suas atividades do dia-a-dia praticamente após essa primeira semana apenas.
Caso uma estomia temporária tenha sido realizada, a
reversão
geralmente ocorre entre 2 e 3 meses, após a completa cicatrização do intestino.
Durante a recuperação, é essencial seguir uma alimentação equilibrada, manter-se ativa e comparecer às consultas de acompanhamento pós-operatório com a equipe multidisciplinar composta pelos ginecologista, cirurgião do aparelho digestivo/coloproctologista, fisioterapêutas quando indicado e estomaterapêutas em casos de estomias. O uso de analgésicos e outras medidas recomendadas pela equipe médica ajudam a promover um processo de recuperação mais tranquilo e seguro.
Quais fatores afetam o sucesso da cirurgia de endometriose intestinal?
O sucesso da cirurgia depende de uma série de fatores que influenciam diretamente o processo de recuperação e os resultados a longo prazo. Veja os principais aspectos:
- Experiência da equipe médica: Cirurgiões especializados em tratar endometriose oferecem um nível de precisão maior na remoção das lesões, o que reduz complicações e melhora a recuperação. Este talvez seja o fator mais importante para um bom resultado, de acordo com diversas publicações médicas sobre o tratamento da endometriose profunda.
- Adesão ao tratamento: Cumprir todas as orientações médicas, como tomar os medicamentos prescritos, cuidar da alimentação e comparecer às consultas de acompanhamento, é essencial para garantir uma cicatrização adequada e evitar a recorrência de sintomas.
- Condições de saúde prévias: Pacientes com doenças crônicas, como diabetes, ou com o sistema imunológico comprometido, podem precisar de um monitoramento mais rigoroso, já que essas condições podem retardar a recuperação ou aumentar o risco de complicações.
Esses fatores reforçam a importância de um
acompanhamento multidisciplinar antes, durante e após a cirurgia, garantindo o melhor desfecho possível.
Restou alguma dúvida?
O que é a cirurgia de endometriose intestinal?
É um procedimento para remover lesões de endometriose que afetam o intestino, visando melhorar sintomas como dor e alterações no funcionamento intestinal.
Quando a estomia é necessária na cirurgia de endometriose intestinal?
A estomia em endometriose é um evento raro e pode ser necessária em casos de ressecção baixa do retoou quando há risco elevado de complicações, como infecção, fístula vaginal ou intestinal.
A estomia é sempre permanente?
Na imensa maioria dos casos, a estomia é temporária, sendo revertida após algumas semanas, quando o intestino já cicatrizou adequadamente.
Quais são os sintomas que indicam a necessidade de cirurgia?
Sintomas como dores abdominais intensas no período menstrual ou mesmo fora dele, dores importantes durante a relação sexual, sintomas intestinais ou urinários no período menstrual e impacto negativo na fertilidade podem indicar a necessidade do procedimento.
Qual é a diferença entre laparoscopia e cirurgia aberta para endometriose intestinal?
A laparoscopia é uma técnica minimamente invasiva, realizada através de pequenas incisões, enquanto a cirurgia aberta envolve uma incisão maior para que o tratamento seja realizado através das próprias mãos do cirurgião, o que pode resultar em uma recuperação mais lenta e maiores índices de complicações.
O que acontece se a endometriose intestinal não for tratada?
Se não tratada, a endometriose pode causar complicações graves (embora raras), como obstrução intestinal, infecções, comunicações anormais entre o intestino e a vagina e prejuízo permanente sobre a fertilidade.
A endometriose pode voltar após a cirurgia?
Infelizmente, sim. A endometriose é uma condição crônica, e as lesões podem reaparecer em algumas pacientes, mesmo após uma cirurgia bem-sucedida. No entanto, o risco é maior em lesões ovarianas, podendo chegar a 23-25%, enquanto que o risco de voltar no intestino é ao redor de 5,4%.
Tratamento para endometriose intestinal em SP | Dr. Alexandre Bertoncini
A cirurgia de endometriose intestinal pode ser uma opção eficaz para casos avançados ou resistentes a tratamentos conservadores. Em situações mais complexas e raras, a estomia pode ser necessária para garantir a recuperação adequada.
Seguir as orientações médicas e manter o acompanhamento são passos fundamentais
para o sucesso do procedimento.
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Dr. Alexandre Bertoncini é coloproctologista e cirurgião do aparelho digestivo com toda sua
formação e doutorado pela Faculdade de Medicina da USP, membro titular do Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva e associado à Sociedade Brasileira de Coloproctologia.
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