Cirurgia do Megaesôfago

Cirurgia do Estômago

O que é?
O estômago faz parte do sistema digestivo e desempenha papel central no processo de digestão. E responsável por auxiliar na transformação do alimento em uma massa para melhor ação das enzimas digestivas e absorção dos nutrientes em regiões posteriores do sistema digestivo. É também no estômago que o alimento passa por um processo de esterilização de micro-organismos através da ação do ácido do suco gástrico, além de se iniciarem fases importantes na digestão das proteínas. 

Cirurgia do Megaesôfago

É o nome dado a algumas alterações do esôfago, órgão que liga a boca ao estômago, geralmente secundárias a quadros que impactam a inervação do esôfago. São situações nas quais o esôfago sofre alterações em seu calibre, ou seja, vai ficando cada vez mais dilatado, por conta das lesões neuronais e, em quadros mais avançados, além dessa dilatação, é possível que o órgão fique um pouco mais longo e, com isso, perca o seu eixo longitudinal. 

Causas

Geralmente, essa condição está relacionada, no Brasil, com quadros infecciosos. A causa mais comum no país é o Megaesôfago chagásico, ou seja, secundária à infecção pelo Trypanosoma cruzi, responsável por causar a Doença de Chagas. Tal doença pode acometer o coração, o intestino grosso ou o esôfago. 

Sintomas

O principal sintoma é a disfunção progressiva da sua capacidade de engolir os alimentos, sentindo uma impactação e um empachamento progressivos, que pode estar relacionado à halitose (hálito ruim) e regurgitações. Essa situação ocorre devido à dificuldade que o alimento tem de passar do esôfago para dentro do estômago e, consequentemente, acumula-se no esôfago.

Câncer de
esôfago vs megaesôfago

Em quadros de câncer neste órgão, a dificuldade de alimentação é rapidamente progressiva, evoluindo entre poucas semanas e poucos meses, enquanto no Megaesôfago estabelece-se um quadro clínico que pode estender-se por meses ou anos em relação à dificuldade progressiva na deglutição dos alimentos. 

Além disso, no câncer de esôfago, o paciente apresenta emagrecimento bastante importante e rápido, enquanto no Megaesôfago, o emagrecimento é muito reduzido ou até inexistente. 

Cerca de 60% dos pacientes com câncer de estômago tem 65 anos ou mais;
O restante tem ao redor de 25 e 35 anos de idade.

Diagnóstico

  • Cirurgia Bariátrica ou para Obesidade
    ou cirurgia Metabólica
  • Cirurgia de Câncer Gástrico
  • Cirurgia do Refluxo Gastroesofágico
O exame que traz a suspeita do Megaesôfago é o Exame Contrastado do esôfago-estômago-duodeno (EED), o qual é um raio-x que requer a ingestão de contraste para que sejam feitas imagens que mostram o esôfago dilatado com a presença de tortuosidade e alguns outros sinais relacionados, como ondas terciárias, afilamento distal do esôfago e retenção de conteúdo no esôfago (estase). 

Além disso, é realizado o exame que diagnostica o megaesôfago, a incapacidade de relaxamento da vávula entre o esôgafo e o estômago, que no caso da doença do refluxo está alargada e fraca,o que não ocorre no quadro de megaesôfago, no qual a válvula está fechada e sem resposta. 

Isso é avaliado através do exame de eletromanometria esofágica, no qual é possível perceber uma perda de função de contração do corpo do esôfago, além de uma falha de abertura, ou seja, de relaxamento, da válvula chamada cárdia. 

Outros exames podem ser associados: 

Ultrassom do abdome, pois é frequente a associação com pedras na vesícula; Endoscopia é sempre necessária, apesar não ser possível obter o diagnóstico do Megaeôfago somente a partir dela, para que seja possível verificar se já houve lesões causadas por essa estase do alimento. 

Tratamento

  • Cirurgia Bariátrica ou para Obesidade
    ou cirurgia Metabólica
  • Cirurgia de Câncer Gástrico
  • Cirurgia do Refluxo Gastroesofágico
A indicação do tratamento é feita quando o paciente queixa-se de alguns sintomas e são realizados exames para avaliação do quadro e diagnóstico correto. 

Uma vez definido se o paciente precisa ou não da cirurgia, única forma de tratamento para este quadro. 

O procedimento, que pode ser realizado de forma minimamente invasiva, por laparoscopia ou robótica, tem como intuito afrouxar essa válvula entre o esôfago e o estômago, a fim de facilitar o extravasamento do conteúdo do esôfago para o estômago, associado a uma válvula anti refluxo parcial, para que o paciente também não sofra com sintomas da doença de refluxo, uma vez que a válvula esteja aberta. 
Em casos mais avançados, pode ser indicada a retirada do esôfago e a sua substituição por uma parte do intestino delgado, procedimento chamado esofagectomia transhiatal, que pode ser realizada também através de toracoscopia associada à laparoscopia. No entanto, é um procedimento que vem sendo cada vez menos utilizado, pois é agressivo e trata-se de uma doença benigna. 

Por isso, o diagnóstico precoce é essencial para que o tratamento seja realizado de forma menos invasiva, sem a remoção do esôfago e, até em alguns casos mais extremos, tenta-se priorizar a preservação do esôfago com uma cirurgia mais modesta, evitando consequências maiores ao paciente que tem seu esôfago removido. 

Alguma dúvida?


Perguntas frequentes
  • O megaesôfago somente pode ocorrer na Doença de Chagas? A Doença de Chaga tem cura?

    O megaesôfago pode ocorrer por outras causas ou mesmo quando não conseguimos comprovar o diagnóstico da Doença de Chagas, como o que acontece nos demais países da América Latina, principalmente, próximos à Cordilheira dos Andes. Infelizmente, a Doença de Chagas ainda não tem cura específica e apenas conseguimos controlar seus sintomas. 


    Ou seja, apesar da Doença de Chagas ser a principal causa, no nosso meio ela não é a única causa e, muitas vezes, não conseguimos demonstrar a infecção pelo Trypanosoma cruzi no paciente. Isso não é essencial para o tratamento, apenas para o acompanhamento dos pacientes.

  • O megaesôfago pode se transformar em câncer de esôfago?

    O megaesôfago não se transforma em câncer. No entanto, o fato de o alimento ficar muito tempo parado no esôfago provoca uma irritação e inflamação no esôfago que pode favorecer o surgimento do câncer do esôfago do tipo Carcinoma Espinocelular. Mais isso é apenas uma consequência da longa evolução da doença e, por isso, o tratamento não deve ser retardado para evitar essa grave complicação. 


  • Um paciente com Megaesôfago causado pela Doença de Chagas terá outras manifestações da Doença de Chagas como acometimento do coração e/ou intestino grosso?

    Não necessariamente. Infelizmente não conseguimos ainda nem tratar de forma definitiva a infecção pelo Trypanosoma cruzi e nem prever quais serão os órgãos acometidos por essa doença, podendo sim ocorrer casos de associação com acometimento em outros órgãos.


  • Em caso de Megaesôfago, a cirurgia é sempre necessária?

    Não há ainda outro tratamento tão efetivo no controle dos sintomas uma vez que a doença é progressiva apesar de sua progressão ser lenta. Assim, quando há já impacto da qualidade de vida do paciente pelos sintomas do Megaesôfago, optamos pela cirurgia precocemente já que deixar esse procedimento para o futuro implica em manter sintomas por mais tempo, maior idade quando a cirurgia for então essencial assim como também as outras fragilidades associadas a maior idade no momento da cirurgia, sem contar o maior tempo de exposição aos fatores de risco de desenvolvimento do câncer do esôfago causado pelos alimentos parados no esôfago.


  • A única cirurgia para o megaesôfago é a remoção completa do esôfago?

    Não. Na atualidade, evitamos cada vez mais a remoção completa do esôfago e favorecemos a cirurgia por laparoscopia (com ou sem o auxílio do robô) para o reparo do esôfago, promovendo então a melhora completa dos sintomas e evitando assim as complicações relacionadas tanto ao aparecimento eventual do câncer do esôfago quanto às complicações pela remoção do esôfago do paciente. 

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