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Saiba tudo sobre o câncer colorretal

fev. 12, 2021

O câncer colorretal é um tipo de tumor que acomete o intestino grosso, também chamado de cólon e reto. No Brasil, é o segundo tipo de câncer mais comum em mulheres e homens.


Na maior parte dos casos, ele é tratável e frequentemente curável. Vale dizer que existem medidas de prevenção que ajudam a evitar o desenvolvimento da doença e, conforme a necessidade do paciente, é possível realizar exames de rastreamento para detecção precoce.


A seguir, vamos explicar tudo sobre o câncer colorretal. Você vai entender:

  • O que é o câncer colorretal
  • Quais são os principais sintomas
  • Quais são os fatores de risco
  • Como funciona a prevenção
  • Como é feito o diagnóstico
  • Se o câncer colorretal tem cura
  • Como funciona o tratamento


Continue a leitura e tire todas as suas dúvidas sobre a doença!

O que é câncer colorretal?

Como dissemos, o câncer colorretal é o tipo de tumor que atinge o cólon e o reto. Dentre os tumores do aparelho digestivo, é o mais frequente e aproximadamente dois terços acometem o cólon e um terço o reto.


O tipo mais comum de câncer colorretal é o adenocarcinoma, englobando 95% dos casos. Os outros 5% são tumores mais raros, como o tumor neuroendócrino, o tumor estromal e os linfomas.


De acordo com as estatísticas do Instituto Nacional de Câncer – INCA –  há uma estimativa anual de 40.990 novos casos, sendo 20.520 em homens e 20.470 em mulheres.


Em relação ao número de mortes, o Atlas de Mortalidade por Câncer contabilizou em 2018 o total de 19.603 óbitos por câncer colorretal, sendo 9.608 homens e 9.995 mulheres. De todas as neoplasias, esse foi o terceiro tipo de câncer com maior taxa de mortalidade no Brasil.


A grande maioria dos casos de câncer colorretal acontece em pessoas com mais de 50 anos de idade. Geralmente, o tumor se inicia com o aparecimento de pólipos, que são lesões benignas que surgem na parede interna do intestino grosso como se fossem pequenas verrugas. Alguns deles podem crescer e se transformar em células malignas, evoluindo para o estágio canceroso.


À medida que cresce, o tumor invade em profundidade a mucosa, os linfonodos regionais, órgãos próximos (como bexiga, próstata e útero) e, nas fases avançadas, pode atingir a circulação sanguínea, sendo assim possível a ocorrência  de metástases, nas quais o câncer passa a se espalhar para outros órgãos à distância. 



Aproximadamente 25% dos pacientes já apresentam metástases no momento do diagnóstico do câncer colorretal.

Quais são os sintomas?

Os principais sintomas do câncer colorretal são:

  • Alteração no hábito intestinal;
  • Sangue nas fezes;
  • Alteração no formato das fezes (que se tornam mais finas e compridas);
  • Dor retal (quando o tumor está instalado no reto).
  • Dor abdominal;
  • Episódios alternados de diarreia e constipação;
  • Perda de peso sem motivo aparente;
  • Perda de apetite;
  • Fraqueza;
  • Anemia;
  • Vômitos ou náuseas.


Vale mencionar que muitos desses sintomas não são necessariamente causados por um câncer, podendo estar relacionados a outros problemas, como hemorróidas e úlceras.


Por isso, é fundamental consultar um médico especialista para a investigação do quadro, principalmente se os sintomas persistirem por vários dias ou se o paciente fizer parte do grupo de riscos para a doença.



Também vale mencionar que em estágios avançados, quando o câncer colorretal se torna metastático, o paciente pode apresentar outros sintomas decorrentes da disseminação do tumor, como:

  • Falta de ar e tosse (quando há metástase para o pulmão);
  • Fraturas ou dor óssea (quando há metástase para os ossos);
  • Náuseas, vômitos e pele amarelada (quando há metástase para o fígado).

Quais são os fatores de risco?

Os principais fatores de risco para desenvolvimento do câncer colorretal estão relacionados a causas genéticas, mas, principalmente, ao histórico pessoal e familiar. Há também fatores associados ao estilo de vida da pessoa, que podem contribuir para o aparecimento da doença. Entenda a seguir os principais fatores de risco!

Pólipos

Cerca de 30% dos pólipos não têm potencial de malignidade, mas os outros 70% irão se transformar em câncer, caso não sejam removidos a tempo. A presença dessa pequena massa carnosa é uma das principais causadoras do câncer colorretal.

Idade

Pacientes a partir de 50 anos de idade têm mais chances de desenvolver esse tipo de câncer.

Alimentação

Uma dieta saudável pode contribuir como proteção contra o desenvolvimento do câncer colorretal. A alimentação rica em cálcio também parece ajudar no combate contra o aparecimento de pólipos no intestino.



Por outro lado, dietas ricas em gorduras e pobres em fibras podem aumentar o risco da doença. Da mesma forma, o consumo excessivo de carne vermelha e carnes processadas (como embutidos e os "frios”) podem ser um fator que eleva o risco de desenvolver esse câncer.

Tabagismo

O tabagismo é outro fator de risco ligado ao estilo de vida do paciente que pode ter uma influência importante no desenvolvimento de câncer colorretal.

Doenças inflamatórias do intestino grosso

Dois grandes exemplos de doenças inflamatórias do intestino grosso são a retocolite ulcerativa e a doença de Crohn.



Estima-se que a cada cinco pessoas com retocolite ulcerativa, uma pode vir a ter câncer colorretal. Já os pacientes com doença de Crohn têm risco duas vezes maior de desenvolver esse tumor. No entanto, este risco começa a se elevar cerca de 7 a 10 anos após o diagnóstico inicial dessas doenças e esses pacientes devem permanecer em acompanhamento e vigilância para auxiliar no diagnóstico precoce, quando ocorrer.

Síndromes genéticas

Outro fator de risco comumente associado ao câncer colorretal são as síndromes genéticas, como a polipose adenomatosa familiar (PAF) e o câncer colorretal hereditário sem polipose (HNPCC / Síndrome de Lynch).

Histórico familiar

Pessoas que têm algum parente de primeiro grau com câncer colorretal também fazem parte do grupo de risco. Se o familiar tiver menos de 50 anos de idade ou se houver mais de um familiar com a doença, as chances são ainda maiores.



Além desses, outros tipos de cânceres na mesma família podem estar correlacionados através de outras síndromes genéticas e elevar também o risco de câncer colorretal, como câncer de ovário, endométrio, estômago, intestino delgado, entre outros.

Histórico pessoal

Uma parte dos pacientes que já tiveram câncer colorretal pode desenvolver outro tumor primário no intestino grosso - chamado de tumores sincrônicos quando ocorrem até 2 anos do surgimento do primeiro tumor; ou tumores metacrônicos quando ocorrem após 2 anos do surgimento do primeiro tumor. História pessoal de outros tipos de câncer, como ovário, útero, mama e intestino, também pode aumentar o risco, como já mencionado acima.

Como funciona a prevenção?

A prevenção contra o câncer colorretal se baseia principalmente em dois pilares: estilo de vida saudável e exames de rastreamento. Entenda mais a seguir!

Estilo de vida saudável

Em relação ao estilo de vida, é fundamental ter uma dieta alimentar saudável, rica em alimentos com fibras (como frutas, verduras, legumes, leguminosas crus, além de grãos integrais) e pobre em alimentos processados, gordurosos e altamente calóricos.


Também é recomendado praticar atividade física regularmente, para evitar a obesidade e manter o peso corporal adequado.



Outra atitude importante para se proteger contra o câncer colorretal é evitar o consumo excessivo de álcool, bem como o tabagismo também.

Exames de rastreamento

Os exames de rastreamento são uma forma tanto de prevenir o câncer colorretal quanto de detectá-lo precocemente.



Como a maioria desses tumores têm como causa inicial o desenvolvimento de pólipos intestinais e eles levam anos até se tornarem malignos, é possível detectá-los antes que essa transformação ocorra.


Isso pode ser feito por meio do exame de colonoscopia, que permite não apenas a identificação visual desses pólipos, mas também sua retirada em tempo hábil, evitando o desenvolvimento do câncer colorretal.


Mas é importante citar que existem critérios de indicação para que o paciente possa realizar a colonoscopia, dependendo de suas características, do histórico familiar e do risco de desenvolvimento da doença. Isso também influencia na frequência com a qual o exame deverá ser repetido, sendo muito raro precisar repetir em intervalos menores que 3 anos.


Por exemplo, pacientes com doenças inflamatórias do intestino ou com histórico familiar de câncer colorretal precisam iniciar o rastreamento por volta dos 45 anos ou antes, devendo repetir o exame com maior frequência que os demais.


Já para os indivíduos que não são do grupo de risco, recomenda-se fazer a colonoscopia pela primeira vez por volta dos 50 anos de idade. A frequência e o intervalo com que o exame deve ser repetido podem variar considerando se houve a identificação e a retirada de pólipos ou se o resultado não apresentou anormalidades.


Vale lembrar que não há um consenso médico sólido em relação à repetição do exame, por isso é fundamental consultar um especialista que avalie criteriosamente cada quadro clínico e identifique quando há necessidade de realizar o rastreamento e sua periodicidade.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico do câncer colorretal em pessoas com sintomas pode ser feito por meio de uma boa consulta e um exame físico detalhado, além de exames laboratoriais, endoscópicos e radiológicos. Já nos pacientes que tenham ou não sinais, mas pertencem a grupos de risco, o diagnóstico pode ser obtido principalmente com o exame de rastreamento.


O objetivo principal do diagnóstico precoce é aumentar as chances de cura e efetividade do tratamento, especialmente naqueles pacientes que já tenham a doença, mas em uma fase de desenvolvimento na qual ainda não começaram a surgir os primeiros sintomas. Chamamos esse período especial de fase pré-clínica.


Os principais exames solicitados para a investigação do câncer colorretal são:

  • Exame de sangue oculto nas fezes;
  • Colonoscopia.


Outros exames que ajudam no diagnóstico são:

  • Ultrassonografia transretal (para casos de tumores iniciais no reto);
  • Tomografia computadorizada;
  • Ressonância magnética da pelve;
  • PET-TC para casos muito específicos de doenças metastáticas;
  • Radiografia de enema opaco - principalmente nos centros com menos recursos financeiros e tecnológicos.


Quando falamos de qualquer câncer, o diagnóstico de certeza somente pode ser dado através da biópsia deste tumor, que consiste na retirada para análise laboratorial de uma pequena amostra desse tecido. Esse exame irá classificar o tumor como maligno, identificar o seu tipo específico e, com isso, teremos os dados mais importantes para elaborar um planejamento de tratamento. 


No caso do câncer colorretal, habitualmente isso somente é possível através da colonoscopia, com exceção de alguns tumores mais baixos no reto que podem ser submetidos a biópsias mesmo no próprio consultório médico.


Em caso de confirmação do tumor colorretal, o médico deverá investigar se o paciente tem alguma metástase. Para isso, outros exames serão solicitados, a fim de identificar o estadiamento do câncer e, então, traçar um plano de tratamento individualizado e adequado ao quadro de cada paciente.



Nesses casos, os principais exames realizados são:

  • Tomografia computadorizada do tórax, abdômen e pelve;
  • Ressonância magnética da pelve;
  • Ressonância magnética do fígado (apenas para casos nos quais já estamos planejando uma cirurgia para remoção de metástases neste órgão);
  • Ultrassonografia transretal (para casos precoces de câncer no reto ou tumores muito próximos do ânus);
  • Exame de sangue CEA (antígeno carcinoembriônico).

O câncer colorretal tem cura?

Sim, o câncer colorretal pode ser tratado e muitas vezes é curável. Mas é importante lembrar que, para que as chances de cura sejam maiores, é essencial que o diagnóstico seja precoce.


Isso porque o tratamento está fortemente relacionado ao estadiamento da doença, considerando o tamanho, a extensão e a localização do tumor, além do grau de disseminação no organismo. Se o paciente já estiver acometido por metástase, por exemplo, as chances de cura diminuem.



Portanto, é de extrema importância seguir as recomendações médicas em relação à realização do exame de colonoscopia, caso seja necessária. E lembre-se de que os cuidados devem ser ainda maiores em pacientes que apresentam algum fator de risco para a doença, pessoal ou familiar.

Como funciona o tratamento?

O tratamento varia conforme os quatro estágios do câncer colorretal. Entenda quais são eles!

Estágio I

O tumor se mantém restrito à mucosa ou à camada muscular do cólon ou do reto. O principal tratamento é a cirurgia, de preferência minimamente invasiva por laparoscopia, robótica em geral ou através do ânus para casos localizados no reto. Em casos selecionados, pode ser realizado o tratamento através de procedimentos especializados de colonoscopia. Não há necessidade de medicação quimioterápica e as chances de cura são altas.

Estágio II

O tumor atinge a serosa (membrana que reveste o cólon ou o reto) ou até mesmo órgãos próximos. Aqui novamente o tratamento é eminentemente cirúrgico e a cirurgia pode ser complementada com quimioterapia após a operação, conforme a necessidade do paciente.

Estágio III

O tumor compromete os linfonodos regionais, podendo ou não acometer estruturas adjacentes. Em regra, a cirurgia é complementada com tratamento quimioterápico pós-operatório de rotina, a fim de reduzir as chances de recidiva da doença e aumentando as chances de cura definitiva.

Estágio IV

O tumor acomete órgãos distantes, como pulmões, fígado e ossos, configurando o processo de metástase. O principal tratamento nesse caso é a quimioterapia, sendo a cirurgia do tumor inicial no intestino grosso deixada para casos em que esteja causando complicações locais em órgãos adjacentes ou sintomas, como obstrução do intestino ou sangramentos importantes.


Em alguns casos, também podem ser usados medicamentos que bloqueiam as células malignas. Em casos especiais, pode ser feita cirurgia e/ou tratamento radioterápico para remoção de metástases, aumentando assim a qualidade de vida dos pacientes e também o tempo de vida em muitos casos, mas a cura definitiva costuma ser mais difícil de se obter nesta fase.


Por fim, é importante lembrar que, independentemente do estágio inicial da doença e do tratamento realizado, o paciente deve continuar o acompanhamento médico, a fim de evitar recidivas e monitorar possíveis novos tumores, por pelo menos 5 anos.


Além disso, nunca é demais ressaltar que as medidas de prevenção e rastreamento são fundamentais para o diagnóstico precoce e, consequentemente, para a cura da doença.



Então, agora que você sabe tudo sobre o câncer colorretal, não deixe de tomar todos os cuidados necessários. E, para mais informações, acesse a nossa Central Educativa!

Dr. Alexandre Bertoncini

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