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Fissura Anal: Sintomas, Causas e Tratamentos Disponíveis

fev. 08, 2024

A fissura anal é uma condição médica comum, mas frequentemente mal compreendida, que pode causar um certo desconforto. Este artigo visa esclarecer os principais aspectos relacionados à fissura anal, incluindo os sintomas, causas e opções de tratamento disponíveis. Se você ou alguém próximo está enfrentando sintomas de fissura anal, continue a leitura para obter informações valiosas e orientações práticas.


Compreendendo a Fissura Anal


A fissura anal é uma condição médica caracterizada por uma
pequena ruptura ou corte na mucosa que reveste o ânus. Esta condição, embora pequena e aparentemente simples, pode causar dor significativa e desconforto, afetando a qualidade de vida do indivíduo. As fissuras podem ser classificadas como agudas ou crônicas, com as crônicas persistindo por mais de seis semanas, com características específicas e muitas vezes exigindo intervenção médica mais intensiva.


Fissura Anal: Sintomas


A identificação da fissura anal começa com o reconhecimento de seus sintomas distintos, que, embora comuns, são frequentemente mal interpretados ou ignorados. O sintoma primário e mais revelador é uma dor aguda e intensa durante e após a evacuação, uma experiência que muitos descrevem como semelhante a passar cacos de vidro. Esta dor pode ser tão severa que leva à hesitação ou medo de ir ao banheiro, resultando em um ciclo vicioso de constipação e agravamento da fissura.


Além da dor, o
sangramento retal é outro indicador chave. Diferente de outras condições anorretais, como hemorroidas, onde o sangue pode ser mais escuro, o sangramento causado por fissuras anais é tipicamente de sangue vermelho vivo, muitas vezes notado no papel higiênico ou manchando as fezes. Este sangramento, embora geralmente em pequenas quantidades, não deve ser ignorado.


Em casos crônicos, pode-se observar um plicoma anal - uma pequena pele na borda externa do ânus. Este é um sinal de que a fissura persistiu por um período prolongado e pode necessitar de intervenção médica mais intensiva.


Causas e Fatores de Risco


Causas Primárias


As fissuras anais, embora comuns, têm suas origens em causas que são frequentemente mal compreendidas ou subestimadas. A causa mais prevalente é o
trauma ao revestimento anal, geralmente resultante da passagem de fezes duras ou grandes. Este tipo de trauma é uma consequência direta da constipação crônica, um problema que afeta uma parcela significativa da população, muitas vezes devido a dietas pobres em fibras e baixa ingestão de líquidos. Da mesma forma, episódios de diarreia severa também podem irritar e inflamar a mucosa anal, levando ao desenvolvimento de fissuras.


Outro fator menos conhecido, mas igualmente importante, é o
esforço excessivo durante a evacuação. Este esforço pode causar um aumento significativo da pressão no canal anal, levando a pequenas feridas no tecido. Além disso, condições como doenças inflamatórias intestinais e infecções anais podem contribuir para o desenvolvimento de fissuras.


É vital entender que, embora a fissura anal possa parecer um problema menor, suas causas estão frequentemente enraizadas em questões de saúde mais amplas, como hábitos alimentares inadequados e problemas gastrointestinais. Reconhecer e abordar essas causas subjacentes é fundamental para o tratamento eficaz e a prevenção de recorrências.


Fatores de Risco


Vários fatores podem aumentar o risco de desenvolver fissuras anais como:


  1. Histórico de Doenças Intestinais: Condições como doença de Crohn e colite ulcerativa podem predispor os indivíduos a fissuras devido à inflamação crônica do trato gastrointestinal.
  2. Parto Vaginal: Mulheres que passaram por partos vaginais, especialmente aqueles com complicações, podem ter um risco aumentado de fissuras anais devido ao estresse e pressão na região perineal durante o parto, ou até mesmo a feridas que se formam na vagina no momento do parto e que se estendem até a região do ânus.
  3. Condições que Afetam a Circulação Sanguínea: Doenças que afetam a circulação, como diabetes, podem reduzir o fluxo sanguíneo para a área anal, prejudicando a cicatrização e aumentando o risco de fissuras.
  4. Estilo de Vida e Dieta: Uma dieta pobre em fibras e um estilo de vida sedentário contribuem para a constipação, um dos principais fatores de risco para fissuras anais. Relações sexuais com penetração anal também podem gerar as feridas iniciais, assim como alguns exercícios físicos que traumatizam diretamente o assoalho pélvico como bicicleta e agachamentos ("leg press").
  5. Uso Excessivo de Laxantes: O uso frequente e inadequado de laxantes pode levar a um ciclo de constipação e diarreia, aumentando o risco de fissuras.
  6. Idade: Embora possam ocorrer em qualquer idade, as fissuras são mais comuns em adultos jovens e de meia-idade, sem diferença entre os sexos.
  7. Fissuras Anais em Crianças: Em crianças, as fissuras podem ocorrer durante o treinamento para o uso do vaso sanitário, muitas vezes devido à passagem de fezes grandes ou duras.


Tratamento para Fissura Anal


O tratamento da fissura anal é um processo que
exige uma abordagem cuidadosa e multifacetada. O objetivo primário é aliviar a dor, promover a cicatrização e prevenir recorrências. O tratamento inicial geralmente envolve medidas conservadoras, como o aumento da ingestão de fibras e líquidos para amolecer as fezes e reduzir o esforço durante a evacuação. Laxantes suaves podem ser recomendados para facilitar este processo.


Para o alívio da dor e a cicatrização, pomadas tópicas contendo nitroglicerina ou bloqueadores dos canais de cálcio são frequentemente prescritas, podendo ser associadas a anestésicos locais para conforto. Estes medicamentos ajudam a relaxar o esfíncter anal, reduzindo a dor e melhorando o fluxo sanguíneo para a área, o que é crucial para a cicatrização. Em alguns casos, injeções de toxina botulínica no esfíncter anal são utilizadas para proporcionar alívio temporário do espasmo muscular mas seus resultados na cicatrização efetiva das fissuras ainda é controverso. 


Os banhos de assento também apresentam um papel importante no relaxamento da musculatura do ânus, auxiliando assim no processo de cicatrização.


Quando as
fissuras não respondem a tratamentos conservadores, a cirurgia pode ser considerada. A esfincterotomia lateral interna é um procedimento que envolve o corte de uma pequena porção do esfíncter anal para reduzir a tensão e promover a cicatrização, é a cirurgia mais comum para fissuras anais crônicas. Este procedimento tem uma alta taxa de sucesso, mas pode raramente estar associado a complicações como incontinência fecal em cerca de 3% dos pacientes.


Análise Comparativa de Tratamentos


Ao comparar os tratamentos para fissuras anais, é importante considerar a gravidade e a duração dos sintomas.
Tratamentos conservadores, como mudanças dietéticas e pomadas tópicas, são eficazes na maioria dos casos de fissuras agudas e oferecem a vantagem de serem não invasivos com mínimos efeitos colaterais. As chances de cicatrização completa podem chegar a 80%.


Por outro lado, para fissuras crônicas ou aquelas que não respondem a tratamentos conservadores,
a cirurgia oferece uma solução mais definitiva. A falha no tratamento clínico nesta condição pode chegar a 50% e esses pacientes podem precisar da cirurgia para resolver completamente o problema.  A esfincterotomia lateral interna, apesar de ser um procedimento invasivo, tem uma alta taxa de sucesso na cicatrização de fissuras, chegando ao redor de 100%, e alívio da dor. No entanto, a possibilidade de complicações como incontinência fecal deve ser cuidadosamente considerada, especialmente em pacientes com maior fatores de risco como múltiplos partos vaginais, mulheres, idosos e diabéticos com controle inadequado da doença.


A
escolha do tratamento deve ser individualizada, levando em conta as características específicas da fissura, a saúde geral do paciente, e suas preferências pessoais. A comunicação aberta entre o paciente e o profissional de saúde é essencial para determinar a melhor abordagem de tratamento.


Prevenção de Fissuras Anais


A prevenção de fissuras anais é fundamental e pode ser alcançada através de mudanças no estilo de vida e hábitos alimentares. Uma
dieta rica em fibras, que inclui frutas, vegetais e grãos integrais, é essencial para manter a regularidade intestinal e prevenir a constipação. A ingestão adequada de líquidos também é essencial para manter as fezes macias. Aumentar fibras sem aumentar a hidratação ou aumentar a hidratação sem aumentar as fibras, nada adiantará.


Exercícios regulares
são recomendados para melhorar a função intestinal e reduzir a pressão no reto e no ânus. Além disso, evitar o esforço excessivo durante a evacuação e não ignorar o desejo de ir ao banheiro são práticas importantes para prevenir fissuras.


Perguntas Frequentes


O que é uma fissura anal?

Uma fissura anal é uma pequena ruptura ou corte na mucosa que reveste o ânus, geralmente causada por evacuação de fezes duras ou grandes.


Qual o perigo da fissura?

Embora geralmente não seja grave, uma fissura anal não tratada pode levar a dor crônica, sangramento persistente, e em casos raros, a formação de um abscesso ou fístula anal, que são complicações mais sérias.


Quais são os sintomas mais comuns de uma fissura anal?

Os sintomas típicos incluem dor aguda durante e após a evacuação, sangramento retal (geralmente observado no papel higiênico), e possivelmente coceira ou irritação na área anal.


Quais os sintomas de fissura inflamada?

Os sintomas de uma fissura anal inflamada incluem dor intensa e persistente durante e após a evacuação, sangramento retal, e possível inchaço ou vermelhidão ao redor do ânus.


A fissura anal pode causar sangramento?

Sim, uma fissura anal pode causar um leve sangramento retal, geralmente notado como traços de sangue vermelho vivo no papel higiênico ou nas fezes.


Fissura anal é o mesmo que hemorroidas?

Não, embora possam apresentar sintomas semelhantes como dor e sangramento, fissuras anais são cortes ou rupturas no tecido que reveste o ânus, enquanto hemorroidas são veias inchadas no ânus ou reto inferior.


Como posso saber se tenho uma fissura anal?

A identificação de uma fissura anal geralmente envolve a observação de dor aguda durante a evacuação e sangramento retal. Um exame físico por um médico pode confirmar o diagnóstico.


Fissuras anais podem se curar sozinhas?

Muitas fissuras anais, especialmente as agudas, podem se curar sozinhas com cuidados domiciliares, como banhos de assento e aumento da ingestão de fibras.


Quais são os tratamentos para fissura anal?

Tratamentos incluem medidas conservadoras como banhos de assento, cremes tópicos, e mudanças na alimentação. Em casos mais graves, podem ser necessários medicamentos ou cirurgia.


O que causa uma fissura?

As causas comuns incluem evacuação de fezes duras ou grandes, constipação crônica, e, menos frequentemente, doenças inflamatórias intestinais ou infecções.


Fissura anal pode se tornar crônica?

Sim, se uma fissura anal não cicatriza dentro de algumas semanas, ela pode se tornar crônica, exigindo possivelmente tratamentos mais intensivos.


Existem formas de prevenir fissuras anais?

Prevenir a constipação é chave. Isso pode ser feito através de uma dieta rica em fibras, hidratação adequada, e exercícios regulares. Evitar esforço excessivo durante a evacuação também é importante.


Conclusão


A fissura anal é uma condição tratável que, com o diagnóstico e tratamento corretos, pode ser gerenciada eficazmente.
Sempre consulte um coloproctologista para um diagnóstico preciso e orientação adequada sobre o tratamento e prevenção.


Se você precisar de uma consulta, o
Dr. Alexandre Bertoncini é coloproctologista e cirurgião do aparelho digestivo com toda sua formação e doutorado pela Faculdade de Medicina da USP, membro titular do Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva e filiado à Sociedade Brasileira de Coloproctologia.


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